terça-feira, 29 de setembro de 2020

 

Esse teu Corpo

 

para T.N.,

 

Ao meu lado, a distância, agora com um filho e um anel novo noutro dedo,

Aquela festa de Natal certamente limpa, quase esquecida, naquela noite

Em que me levou pela mão para um canto escuro no bar e depois para o táxi,

Onde me fez esperar à entrada de sua casa, ele já não vem hoje, podes subir,

Nem eu me vim, apesar da tua dedicada devoção a uma gaita desconhecida,

Nunca tinha imaginado o teu olho do cu sentado na minha língua de vinho tinto,

Nem o meu caralho insuflado no teu corpo carente, rodeado pela roupa lavada dele

À espera de ser dobrada, não me vim, contudo, quando saí de ti, pediste-me

Um longo abraço e foi o único prazer que realmente te dei, agora, ao meu lado,

És apenas distância, uma noite que mantemos em silêncio, que tentas esquecer

E por isso sempre no teu olhar, esse teu corpo, que sempre, apenas teu.

 

27.09.2020

 

Turku

 

João Bosco da Silva