domingo, 15 de janeiro de 2012


Bom Dia Reverso



Estás aqui, bom dia, como foi a tua ressurreição, muita consagração ao domingo,

Quanto esperma, não me digas, és a mesma, nem tu sabem, a minha mãe continua

A encher chouriças, os meus amigos ainda acreditam em pornografia dos anos oitenta

E a virgindade ainda não se perdeu verdadeiramente, já devias saber, mas

Também não és feita da mesma madeira, não és da seca, que ainda pintada

Faz acreditar em milagres, pergunta a quem te tem sentido o útero e esquece-me,

Hoje estou perdido e hoje é a minha eternidade, já te tinha confessado,

Desculpa-me a ausência dos parágrafos, não tenho pupilas para escrever,

É um problema do excesso de garrafas vazias, tu em nenhuma e eu à procura,

Que ridículo, eu sei, mas desculpa, tenho que te usar em mais um poema,

Sabes bem que é de ti que escrevo, sabes bem que não tem nada a ver contigo,

Só o desespero, o vazio, o suicídio que me chama, grita tanto agora,

Não imaginas, fecha o caixão para ouvires o sufoco em pinho, giestas que nunca

Quiseste conhecer, a pequena caverna da idade do ferro, eu não, eu feito

De um líquido que toma conta de mim, doce, o fígado do meu avô,

Vinho, frio, na casa da lareira eterna, mesmo quando apagada, não ligues,

É só o fim do mundo, o meu mundo pequeno, nem um milhão,

Apesar de ao meu lado se despedirem obrigados de dez milhões

Enquanto lhe pergunto quantas vinhas, quanto azeite e tudo para cortar,

Verde, verde, esperando a minha irmã que um sonho, já que eu

Uma desilusão fumegante de dedos cansados, de ecrãs desligados,

Números apagados, nomes esquecidos, ao menos o que podia ter sido

Mas nunca fui, nem serei, porque nada, eu nada e tu por aqui, bom dia.



15.01.2012



Turku



João Bosco da Silva