segunda-feira, 5 de setembro de 2011


Improbabilidade De Mick Jagger



para quem os raios partam,



Cansas-me com o teu olhar enquanto longe uma folha de papel escurece com a caligrafia futura

De uma tipografia. Neste momento sou inocente dos meus passos em direcção ao agora onde escrevo

A ressaca de olhares… como se pode fingir um olhar? Não sabes que não estás só a engordar em quilos

E que os anos pesam mais nas fibras calcificadas de um coração amargo?

Não se imagina que o cheiro a óleo, o declive perigoso do vinho tinto e uma cerveja antes de ir “dormir”,

Os clítoris em busca dos dedos enquanto se rasga uma cidade cansada à boleia de um futuro traidor,

Podem ser os ingredientes de uma psicose aliada a um delirium tremens impossível: uma paixão

Ridícula como as adolescentes. (Será que os Rolling Stones sabem que o “Así se fundo Carnaby Street”

Lhes é dedicado?) Enquanto se escreve uma noite com a melancolia de uma canção escrita numa casa de banho

E uma ptose palpebral, das que se repetem inversamente, proporcionais ao ódio que resulta da

Confrontação da ilusão contra o hálito real da carne, muda após o orgasmo, as palavras ficaram em casa

E só o que se ouve de fora toma sentido num sem sentido nunca sentido entre um par de exagero rosado.

Se ao menos a porta aberta tivesse trazido a salvação de mais um nome – todos os nomes têm esperança

E o potencial de haver gente de verdade, com lábios quentes e abraços que ficam à volta, quentes,

Mesmo quando a distância leva o olhar. Já te disse que me cansas com o teu olhar

E por essa razão busco a distância do teu silêncio em pecados mais reais que os teus?



05.09.2011



Turku



João Bosco da Silva