A Origem Do Mundo
Não foi bem o México a imagem que vi, quando o Jack escreve
sobre a cabana de madeira
“Coberta de colmo que se suspendia por cima do precipício do
mundo”, a minha experiência
Criou a imagem do Great Rift Valley e das cabanas à beira da
estrada, em equilíbrio sobre
Estacas de madeira, na encosta do vale, o vale que pariu a
humanidade, a origem do mundo,
Onde me senti um chato num grande lábio do quadro de
Courbet, e a humanidade
Estava ali bem representada naquelas cabanas, naquele
equilíbrio frágil, sobre o abismo
Que a pariu, aquela paisagem assenta-nos os pés na terra,
dá-nos bem a noção do nosso
Tamanho real, no fim de contas, por muito betão que seja
erguido, somos uma cabana tosca
Entre uma estrada e um abismo, uma cabana pintada de
vermelho com Coca-Cola escrito
Numa parede na língua de Babel, no México como no Quénia, a
origem do mundo,
Naquela cabana, “que alias não tinha traseiras, mas só uma
ravina”, vi toda a humanidade.
09.09.2014
Turku
João Bosco da Silva