domingo, 25 de junho de 2023

 




Sesta à Beira-Mar

 

Com dedos leves, as ondas afrouxam o nó,

Que desfeito nos deixa cair no sono,

O vento sopra no gargalo da meia garrafa de cerveja,

Já quente da lenta vontade, a sede a estas horas

É outra, tudo parece ao alcance de um olhar descuidado

E coberto por uma névoa azul, o corpo quente

Subitamente se ergue da toalha e desaparece

Num acordar fresco, há sonhos piores,

Há companhias idênticas, há amores que ovos fossilizados

À espera do interesse de poetas ou paleontólogos,

Fiquei na dúvida, estive acordado ou quase,

Digo para mim mesmo saudades três vezes

E nem de ti me lembro, apenas uma canícula azul

E o vazio que as ondas apagam de silêncio.

 

Nimborio

 

16/06/2023

 

João Bosco da Silva