Back in The Game
Tens-me sorrido em todos os sonhos nos quais me visitaste,
Com esse teu sorriso seguro, de quem tem a verdade na mão,
E mesmo assim, vendo a fragilidade da certeza de um amigo,
sorri,
Mesmo que o amigo tenha a certeza que seja impossível
Estares ali assim, todo, infinito, eterno, imortal, porque
morreste,
Então mais uma vez sorris, nesse teu último sorriso vivo,
dentes cheios,
À frente de uma lista de gelados, e todo o meu cansaço te
parece
Ridículo, eu que sempre tive medo de viver, que sempre
preferi
Enfiar palavras com os dedos no vazio, do que dizer, do que
aproximar
Os lábios, do que realmente viver, contudo, eu que não
mereço, continuo,
Sem fazer falta, apenas carne e vício, uma vontade de apagar
constante,
Um ridículo cujas palavras cada vez mais diluídas, o peso
cada vez mais difícil
De encontrar num símbolo ou som, cá estou ainda, porque não
posso
Ir em direção ao banco, e levantar-te de volta ao jogo.
18/02/22
Turku
João Bosco da Silva