catalizada pelos Dire
Straits,
Perder, é do que tudo depende, de perder, o cheiro a pólvora
nos dias de festa
No Verão e aquela cerveja tolerada da grade, aquele sabor
nunca mais encontrado,
Depois de milhares, tantas vezes umas atrás das outras, como
se desespero,
Aquele sabor registado no limite do universo, o seu reflexo
infinito e eterno,
Onde todos os sonhos esquecidos tomam a forma do fim dos
tempos e aguentam tudo
Com a leveza de uma bola de sabão, o primeiro livro de
banda-desenhada perdido
Sabe-se lá onde, também lá onde tudo, a ser brilho azul e
rosa na membrana infinita
De sabão, onde tudo se reflete ao mesmo tempo eternamente,
também o beijo
Atrás da carrinha do padeiro, depois das festas, já quando o
Verão arrefecia,
Onde o universo mais frio, onde quase toca o vizinho e mais
uma génesis
De cortinas, tudo por um emaranhado de filamentos, cordas em
circunvoluções,
Um universo pequenino dentro de um volume insignificante à
escala do futuro
Cada vez mais próximo, também aquela canção um universo
criado de cordas
E as suas vibrações, nos dedos de um deus menor,
envelhecendo ainda,
Tão longe de mim o que me trouxe a mim, o que me fez e me é,
sou apenas
A memória de todos os beijos, o aroma entranhado nos dedos,
os grãos de areia
Há muito lavados, os olhares e os pedidos de olhos, quero
que me olhes
Nos olhos enquanto te vens, e parecia que ali, naquelas
pupilas o limite do universo,
A membrana da bola de sabão, onde tudo o que se perdeu, onde
tudo e até este poema,
Longe do transpirar lento do nosso desejo, onde a nossa pele
também o sofá,
E as almofadas no chão e o latex que acabou e promessas de
futuros pequeninos
À beira dos beijos à beira rio, com o universo possível a
ser estrelas nos nossos olhos,
Tão longe de ti, tão longe de mim, tudo o que perdi, nunca
perdido, eterno,
A ser sempre, de infinitas formas, na membrana da bola de
sabão onde cabe o universo.
30.11.2014
Turku
João Bosco da Silva