domingo, 30 de novembro de 2014

Teoria Da Perdição Unificada

catalizada pelos Dire Straits,

Perder, é do que tudo depende, de perder, o cheiro a pólvora nos dias de festa
No Verão e aquela cerveja tolerada da grade, aquele sabor nunca mais encontrado,
Depois de milhares, tantas vezes umas atrás das outras, como se desespero,
Aquele sabor registado no limite do universo, o seu reflexo infinito e eterno,
Onde todos os sonhos esquecidos tomam a forma do fim dos tempos e aguentam tudo
Com a leveza de uma bola de sabão, o primeiro livro de banda-desenhada perdido
Sabe-se lá onde, também lá onde tudo, a ser brilho azul e rosa na membrana infinita
De sabão, onde tudo se reflete ao mesmo tempo eternamente, também o beijo
Atrás da carrinha do padeiro, depois das festas, já quando o Verão arrefecia,
Onde o universo mais frio, onde quase toca o vizinho e mais uma génesis
De cortinas, tudo por um emaranhado de filamentos, cordas em circunvoluções,
Um universo pequenino dentro de um volume insignificante à escala do futuro
Cada vez mais próximo, também aquela canção um universo criado de cordas
E as suas vibrações, nos dedos de um deus menor, envelhecendo ainda,
Tão longe de mim o que me trouxe a mim, o que me fez e me é, sou apenas
A memória de todos os beijos, o aroma entranhado nos dedos, os grãos de areia
Há muito lavados, os olhares e os pedidos de olhos, quero que me olhes
Nos olhos enquanto te vens, e parecia que ali, naquelas pupilas o limite do universo,
A membrana da bola de sabão, onde tudo o que se perdeu, onde tudo e até este poema,
Longe do transpirar lento do nosso desejo, onde a nossa pele também o sofá,
E as almofadas no chão e o latex que acabou e promessas de futuros pequeninos
À beira dos beijos à beira rio, com o universo possível a ser estrelas nos nossos olhos,
Tão longe de ti, tão longe de mim, tudo o que perdi, nunca perdido, eterno,
A ser sempre, de infinitas formas, na membrana da bola de sabão onde cabe o universo.

30.11.2014

Turku


João Bosco da Silva