domingo, 26 de junho de 2022

 

Poema Aromático

 

No seu inglês o sotaque grego, os olhos da cor do mar na antiguidade,

Uma cona como uma rosa de damasco, debruçada sobre o autoclismo

De um bar, num fim de tarde escuro no norte da europa,

Enquanto em casa me esperavam, que só ia beber uma cerveja

E eu mergulhava de língua naquele cu meio grego, a minha cara

Entre aqueles nacos quentes de mármore, até que um tesão

Como a ilustração num prato desenterrado de uma ilha qualquer,

Enterrava-me até ao esquecimento, apressando o corpo à superfície

Para uma inspiração ofegante e tu logo te viras e sorves a espuma

Dos meus dias, com o teu hálito de cerveja local, desiludida pela pressa

Com que as civilizações caem quando à distância de milénios,

Tudo isto, novamente, enquanto se bebe um copo de mastika,

O sabor de xarope de cenoura da minha mãe quando garoto com a gripe

E o teu cu lavado com essência de resina de bétula finlandesa.

 

14/06/2022

 

Rodes

 

João Bosco da Silva