terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Mais Um Para O Lugar Do Rótulo Do Champô 

Podia contar-te dos dias frios que ignoro e das horas vazias 
Que ocupo com o estudo dos cheiros estranhos dos outros, 
Prefiro sentar-me com um café à espera da fome insuportável, 
Até está Sol, não é que isso interesse, não há luz que chegue 
Ao que está apagado, respira-se alguma clareza na distância branca, 
Contudo, tenho acordado muito depois do abrir dos olhos, 
Os cigarros parecem ter-se imposto nas engrenagens do tempo, 
Tenho saltado de Kawabata para Miller, diz muito do comprimento 
De onda do espaço onde morou uma alma ou dizem, 
Tenho Céline à espera desde o Verão e uma garrafa de sake 
Que fechada dura mais que qualquer amor, de ti ficou a masseira, 
As pérolas devem ter ido todas por água abaixo, 
Podia contar-te do Sol que raramente visita e aquece os tolos, 
Mas prefiro olhar para a chávena vazia e enchê-la com os meus, 
Enquanto espero que uma música nova me desperte a atenção 
Dos dedos agora azedos, rapidamente vinagram os sonhos abertos, 
Já te aborreci o suficiente, chegaste tão longe, para nada, 
Já viste, nem um murro no estômago, nem uma gota, nada, 
Agora levanta o cu, não te esqueças de o limpar, o dia mal começou. 

Turku 

20.02.2018 

João Bosco da Silva 

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