Mais Um Para O Lugar Do Rótulo Do Champô
Podia contar-te dos dias frios que ignoro e das horas vazias
Que ocupo com o estudo dos cheiros estranhos dos outros,
Prefiro sentar-me com um café à espera da fome insuportável,
Até está Sol, não é que isso interesse, não há luz que chegue
Ao que está apagado, respira-se alguma clareza na distância branca,
Contudo, tenho acordado muito depois do abrir dos olhos,
Os cigarros parecem ter-se imposto nas engrenagens do tempo,
Tenho saltado de Kawabata para Miller, diz muito do comprimento
De onda do espaço onde morou uma alma ou dizem,
Tenho Céline à espera desde o Verão e uma garrafa de sake
Que fechada dura mais que qualquer amor, de ti ficou a masseira,
As pérolas devem ter ido todas por água abaixo,
Podia contar-te do Sol que raramente visita e aquece os tolos,
Mas prefiro olhar para a chávena vazia e enchê-la com os meus,
Enquanto espero que uma música nova me desperte a atenção
Dos dedos agora azedos, rapidamente vinagram os sonhos abertos,
Já te aborreci o suficiente, chegaste tão longe, para nada,
Já viste, nem um murro no estômago, nem uma gota, nada,
Agora levanta o cu, não te esqueças de o limpar, o dia mal começou.
Turku
20.02.2018
João Bosco da Silva
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