terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Derrotadas Ilusões

“sou uma nódoa de sangue e esperma manchando a noite alheia”
al berto

Quis ver nela aqueles pedaços que ficavam dos sonhos, aquela mágica incerteza de realidade,
Os seus lábios de um filme sobre perdição e tudo demasiado tarde sempre, os seus olhos
A incarnação possível de uma personagem adoptada do mesmo filme, a sua presença
Na música da moda que se deixou de ouvir como certos sonhos se deixaram de esperar,
Uma noite em que morria pela esmola de um sorriso catalisada pelas primeiras cervejas
Da madrugada, dei-lhe a Lua e vesti-me de clichés, armado em poeta escrevi-lhe um poema
Cheio de olhos e fome e enviei-lhe o livro da pior doença, de tempos malditos e fossilizados,
Que ridículo nos lábios dela à amiga, dá-se demais, eu que nem o tropeço de um beijo,
E se calhar dava, agora saio como quem sacode o cansaço, beijo como quem paga um café
Para despachar os trocos, levo comigo apenas o necessário para mais uns versos sujos.

08/12/2015
20/12/2015

Turku – Ar


João Bosco da Silva

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