Derrotadas Ilusões
“sou uma nódoa de
sangue e esperma manchando a noite alheia”
al berto
Quis ver nela aqueles pedaços que ficavam dos sonhos, aquela
mágica incerteza de realidade,
Os seus lábios de um filme sobre perdição e tudo demasiado
tarde sempre, os seus olhos
A incarnação possível de uma personagem adoptada do mesmo
filme, a sua presença
Na música da moda que se deixou de ouvir como certos sonhos
se deixaram de esperar,
Uma noite em que morria pela esmola de um sorriso catalisada
pelas primeiras cervejas
Da madrugada, dei-lhe a Lua e vesti-me de clichés, armado em
poeta escrevi-lhe um poema
Cheio de olhos e fome e enviei-lhe o livro da pior doença,
de tempos malditos e fossilizados,
Que ridículo nos lábios dela à amiga, dá-se demais, eu que
nem o tropeço de um beijo,
E se calhar dava, agora saio como quem sacode o cansaço,
beijo como quem paga um café
Para despachar os trocos, levo comigo apenas o necessário
para mais uns versos sujos.
08/12/2015
20/12/2015
Turku – Ar
João Bosco da Silva
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