De um salto no mar do norte de queixo para a ferida
definitiva na carne tenra,
Fui desaguar no teu rio na companhia das constelações de
beatas que te têm
Poupado os suspiros e o batom dos lábios, que se lambeu
entre uma sobremesa e um café
Numa tasca invadida por poetas num baile de máscaras
qualquer, onde quem mais
Fala e mais alto, assegura o ritmo cardíaco nas pupilas
enganadas,
Pergunto-me se algum dia acendeste algum tipo de saudade
fina com o isqueiro
Que me roubaste ao desejo, sei-o sepultado numa gaveta na
companhia de moedas
Inúteis de outros países, estrangeiros como eu, fui
realmente um miúdo em Tóquio,
Não nessa da tua cidade onde não voltei a encontrar olhares
púrpura por cima
De uma sede a fuga, e sem ter acendido sequer um cigarro,
trouxe-te até mim,
Entre um sake e outro, e foste a certeza da queda no ar, a
porta aberta na casa de banho
Naquela festa à luz das velas, à sombra da eternidade que se
ficou para trás.
Turku
30.12.2015
João Bosco da Silva
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