segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Quase Reguada 

A vez em que quase levei uma reguada na primeira classe, 
Foi por causa da mania de mandar à minha mãe partir as sandes 
Que levava para comer no recreio, enquanto os mais velhos 
Brincavam à matança do porco com os mais fracos 
E os carros passavam com pobre contrabando oculto nas malas 
Vindos da galiza ou do outro lado do rio como lhe chamava, 
Era proibido levar brinquedos para a escola, aquilo era um lugar sério 
E a professora comia bolachas de água e sal, 
Por altura do Natal, levei um carrinho de brincar, que tinha recebido 
Numa festa da Guarda Fiscal, não estava partido como as sandes, 
Mas também era para matar uma fome e acender os olhos do meu amigo 
Mais pobre, a régua quase que me fazia arrepender da bondade, 
Não fosse o meu amigo, experiente em mãos quentes, ter intervido,
Explicando à professora que se tratava apenas de metade de uma sande. 

Turku 

16.10.2017 

João Bosco da Silva

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