Dizer Tudo
Podia falar-te da fome a que me obrigo por sono, cansaço,
preguiça,
Pelas mão cheias do Sol que partiu, que parte sempre e fica
Na pele apenas a ilusão de um beijo que foi apenas uma promessa
Vazia para algo mais, uma queda de alma abaixo, uma mancha
Que cresce onde nunca permanecerás, na fronteira entre deus e nós,
Podia falar-te da fartura, dos dentes cariados e das noites à beira
Da avalanche, da esgrima entre o medo e o desejo cego mas consciente,
Das mãos certas para a derrota que procuras em fios de ouro
Perdidos em noites solitárias que o luar não pinta da cor que merecem,
Podia falar-te dos dias que te guardo e que são todos os que não
viverei,
Mas prefiro olhar-te e decorar o vortex da tua íris no último olhar
E dizer-te o contrário do que vejo quando me perguntas quê e te respondo
Nada.
Turku
16.10.2017
João Bosco da Silva
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