Quase Reguada
A vez em que quase levei uma reguada na primeira classe,
Foi por causa da mania de mandar à minha mãe partir as sandes
Que levava para comer no recreio, enquanto os mais velhos
Brincavam à matança do porco com os mais fracos
E os carros passavam com pobre contrabando oculto nas malas
Vindos da galiza ou do outro lado do rio como lhe chamava,
Era proibido levar brinquedos para a escola, aquilo era um lugar sério
E a professora só comia bolachas de água e sal,
Por altura do Natal, levei um carrinho de brincar, que tinha recebido
Numa festa da Guarda Fiscal, não estava partido como as sandes,
Mas também era para matar uma fome e acender os olhos do meu amigo
Mais pobre, a régua quase que me fazia arrepender da bondade,
Não fosse o meu amigo, experiente em mãos quentes, ter intervido,
Explicando à professora que se tratava apenas de metade de uma sande.
Turku
16.10.2017
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário