quinta-feira, 4 de julho de 2013

Os Dos Delírios Versejantes

Os Dos Delírios Versejantes

“fornicamos
para que alguém nos renda”
Sebastião Alba

O fogo que trazemos dentro, não consome como o dos incêndios, crepita, mas é como o crepitar
Dos montes em Junho, ao Sol, quando as sementes das giestas se abrem lançando à terra quente
As suas promessas de verde, é portanto um fogo que fecunda a aridez seca das folhas em branco,
Esperando com isso levar a esperança aos olhos, ou apenas um despertar de brisa, feita de tudo
Aquilo que sempre nos despejam dentro, como se o nosso fogo daquele que queima, como se a nossa
Alma uma incineradora, por isso não se queixem dos versos poluídos, nem se revoltem com os cogumelos
Venenosos, não esperem de nós o sumo de uma fruta cuja árvore não plantaram, e se crepitamos
É porque nos dão silêncio para isso, mesmo quando é o silêncio de um guardanapo de papel numa
Esplanada cheia no centro de uma cidade a arder em chamas apressadas de carne e olhos só para
Serem ocultados pelas modas que tentam vender pelos passeios ao Sol, isto de rasgarmos o que é
Branco é também uma forma de nos despirmos, de aliviarmos um pouco o corpo dos trapos e da sujidade
Com que nos vestiram o nome, somos o grito escrito das dores que nos dão, das que nos obrigam
Pelos sentidos e assim crepitamos num latejar apagado e somos a semente e o estrume de algo
Que poderá nascer além dos vossos olhos, se houverem olhos que vejam além das palavras.

30.06.2013

Cidões


João Bosco da Silva

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