Despejar O Lixo
Tu, que com promessas impossíveis e portanto de nada, me
fizeste perder nesta pedra à deriva no infinito,
Tu que me fizeste acreditar que era aqui, onde estavas, a
minha casa, tu que desconheces
Todas a cinzas que tinha guardadas como recordações, porque
sou afinal uma fogueira apagada,
Tu que me trancaste dentro do teu coração e continuaste lá
fora, onde sempre viveste,
Tu a quem dou a carne e toda a sua vontade, não queiras ser
a razão da minha eternidade,
Não me convenças então que a imortalidade se esconde num
beijo, já que o meu cepticismo
Se limita aos sonhos dos outros, nos olhos dos outros,
deixa-me dormir à minha maneira
E se me quiseres acordar, recolhe antes a tua roupa do chão,
não deixes nenhum bilhete
Ou mensagem no espelho, o batom custa a limpar, e ao saíres
fecha a porta com a certeza de uma morte.
Torre de Dona Chama
29.06.2013
João Bosco da Silva
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