Última Noite De São Pedro
Não foi ontem, ontem nem estive lá, porém, alguém me bateu
no ombro e quando me voltei,
Desculpa, pensei que eras tu, mas não era, ontem nem estive
lá, portanto, a última vez deve
Ter sido num ano há muitos anos antes dos que me cobriram a
vontade de cansaço,
Ainda aquela boca no meu dedo, quente, tão húmida e eu com
uma curiosidade penetrante,
Eu com ganas de me ocultar no interior escuro de uma cona
disposta a esconder toda a minha
Vergonha, disposta a absorver num vórtex de hemisfério
norte, toda a incerteza e dar-me
Na sua dinâmica de fluidos, todas as noites numa, sem
promessas de suor e gemidos furtivos,
Mas ontem não, fui, eu, nem sede, hipnotizado por todos os fins,
esqueci-me de recomeçar e
Não compreendi nem uma lição das que se diz aprender com as
derrotas, talvez a lição só uma,
No final serás vencido e nem deus, nem o seu espaço vazio, a
ignorância, te poderão salvar
Da tua condenação a ti mesmo, podias ter bebido algo para te
acordar, mas não, como seria
Possível se nem lá estive, apenas me escondi no barulho das
estrelas, em cima, que com jeitos
Frios ocultam humildemente ou falsamente que são infernos,
milhões de infernos num só céu,
Cujas chaves, dizem, são guardadas por um morto que negou o
amigo três vezes, por isso
Prefiro fingir acreditar nas três cabeças daquele cão, neste
Cérbero de sombras e outros.
Torre de Dona Chama
29.06.2013
João Bosco da Silva
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