Os Dos Delírios Versejantes
“fornicamos
para que alguém nos
renda”
Sebastião Alba
O fogo que trazemos dentro, não consome como o dos
incêndios, crepita, mas é como o crepitar
Dos montes em Junho, ao Sol, quando as sementes das giestas
se abrem lançando à terra quente
As suas promessas de verde, é portanto um fogo que fecunda a
aridez seca das folhas em branco,
Esperando com isso levar a esperança aos olhos, ou apenas um
despertar de brisa, feita de tudo
Aquilo que sempre nos despejam dentro, como se o nosso fogo
daquele que queima, como se a nossa
Alma uma incineradora, por isso não se queixem dos versos
poluídos, nem se revoltem com os cogumelos
Venenosos, não esperem de nós o sumo de uma fruta cuja
árvore não plantaram, e se crepitamos
É porque nos dão silêncio para isso, mesmo quando é o
silêncio de um guardanapo de papel numa
Esplanada cheia no centro de uma cidade a arder em chamas
apressadas de carne e olhos só para
Serem ocultados pelas modas que tentam vender pelos passeios
ao Sol, isto de rasgarmos o que é
Branco é também uma forma de nos despirmos, de aliviarmos um
pouco o corpo dos trapos e da sujidade
Com que nos vestiram o nome, somos o grito escrito das dores
que nos dão, das que nos obrigam
Pelos sentidos e assim crepitamos num latejar apagado e
somos a semente e o estrume de algo
Que poderá nascer além dos vossos olhos, se houverem olhos
que vejam além das palavras.
30.06.2013
Cidões
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário