quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Carta Da Sibéria

Avô, são muitos os rios que desaguam no lago Baikal,
Sim, o mesmo nome que a tua caçadeira soviética,
Terror dos coelhos e lebres dos montes trasmontanos,
Essa mesma que me tombou aos cinco com o coice,
Quando disparava contra o silvado desde a varanda,
Até a mula se deve ter assustado com a choradeira,
Agora não choro tanto, pelo menos não se vê, ou é seco,
Mas às vezes estou muito calado a olhar pela janela e tu não estás,
Ou estás, num lago coberto de nuvens para onde todos os rios
Convergem, e é aí que disparo e caio, mas só a tinta corre
E congela, mas por baixo a água continua a correr
Até ao lago Baikal, que uma vez uns poucos fugidos
De um campo siberiano, contornaram, alguns ficaram por lá,
Um dia o nosso sangue voltará a ser a mesma água,
Até lá, enquanto se foge da noite, escrevo-te estas palavras.

Sibéria

11/11/2015

João Bosco da Silva

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