quinta-feira, 1 de maio de 2025

 


Aniversário à Beira do Rio

 

para quem bem sabe,

 

Amanhã lá estaremos de novo, à beira do rio,

O barulho do motor de rega a esconder-nos

Da luz do dia, o teu cabelo a enrolar

À medida que a humidade aumenta,

Os choupos a fazer uma sombra desnecessária

Num dia de céu de leite, de novo,

Desta vez, longe da cave escura, onde te refugiavas

E comias iogurtes, nas intermitências da loja

De roupa, do shopping onde trabalhavas,

E acabávamos com a caixinha de três,

Já não contava com mais e afinal, pedias-me,

Eu já seco, pedias-me que me corresse,

Eu ofegante, depois de ter galgado todas

As possibilidades abertas do teu corpo, me pedias,

Que me corresse na tua boca, e amanhã,

Lá estaremos uma vez mais, tão longe hoje,

À beira do rio, dizes que não te lembras da minha voz,

Eu não me lembro da textura dos teus lábios,

Culpo todos os aniversários que vieram sem ti,

O silêncio daquele motor de rega.

 

 

Turku

 

01/05/2025

 

João Bosco da Silva

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