Aniversário à Beira do Rio
para quem bem sabe,
Amanhã lá estaremos de novo, à beira do rio,
O barulho do motor de rega a esconder-nos
Da luz do dia, o teu cabelo a enrolar
À medida que a humidade aumenta,
Os choupos a fazer uma sombra desnecessária
Num dia de céu de leite, de novo,
Desta vez, longe da cave escura, onde te refugiavas
E comias iogurtes, nas intermitências da loja
De roupa, do shopping onde trabalhavas,
E acabávamos com a caixinha de três,
Já não contava com mais e afinal, pedias-me,
Eu já seco, pedias-me que me corresse,
Eu ofegante, depois de ter galgado todas
As possibilidades abertas do teu corpo, me pedias,
Que me corresse na tua boca, e amanhã,
Lá estaremos uma vez mais, tão longe hoje,
À beira do rio, dizes que não te lembras da minha voz,
Eu não me lembro da textura dos teus lábios,
Culpo todos os aniversários que vieram sem ti,
O silêncio daquele motor de rega.
Turku
01/05/2025
João Bosco da Silva
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