segunda-feira, 10 de novembro de 2025

 


Aquele Isqueiro

 

Lembras-te daquele isqueiro esquecido,

Das desculpas que fazias para passares a noite

A cuspires-me a carne com os teus soluços

De noiva faminta desterrada numa ilha,

Toda a gente sabia, incluindo a tua colega

Que não fumava e de boca cheia de ouriços

Me perguntava num gorgolejo, e agora,

Ao que respondia, engole, um esquecimento obvio,

E entre um espasmo e um crepitar viscoso,

Dizia que aquilo era apenas carne e cio,

Sem saber tornei-te poeta e livre,

Raramente me lembro de ti, não te amei,

Foste alívio e vingança, agora é Novembro,

Agarro-me até a isqueiros esquecidos.

 

Turku

 

10.11.2025

 

João Bosco da Silva