Piazza della Passera
“E ainda hoje me
pergunto: será que exististe?
Teu rosto agora um
desenho esfumado e
confuso que o pó dos
anos foi apagando.”
Luísa Freire
Num restaurante da Piazza della Passera, olhando à volta,
As paredes mal grafitadas dos edifícios, os remendos nas
paredes,
Vejo algo de Porto, algo teu, sinto quase aquela tua
presença,
Naquela noite em que me levaste a bares de ruas quase
vazias,
Quando isso era possível como o eco dos nossos passos nos
paralelos,
Viveste muitas vidas, dizes-me, eu continuo na mesma,
Como uma cidade antiga que nunca foi completamente demolida,
Erguendo ruína sobre ruína, ouvindo o ruído de ruas
desconhecidas,
Rumores bem familiares vindos de outros tempos, outras
gentes,
O mundo é bem um só, coubesse todo ele numa vida.
Florença
05/03/2025
João Bosco da Silva