segunda-feira, 18 de novembro de 2024

 

O Toque das Tuas Mãos Limpas

 

O toque das tuas mãos limpas,

Intocadas pela vontade devastadora,

Nelas a curiosidade inocente,

O brilho ainda da eternidade de onde

Despertaste e te arrancaram,

Esses dedos tão dedos já,

Na forma, no prender desajeitado e seguro,

Sem certezas nem incertezas,

Mãos abertas para um mundo

Que até aqui criamos para tudo,

Menos para o futuro,

Que estas mãos não se fechem

Em sofrimento, não causem dor,

Se elevem apenas para gestos

De saudade, que o mundo lhes seja

Leve, menos breve, que a pureza

Se lhes mantenha, mesmo quando

Marcadas pelo arrastar do tempo,

Sujas pelo pó e a lama que da vida

Se desprende, estas mãos que me

Agarram o polegar, conspurcado

Por insignificantes desejos

E iras sempre desnecessárias,

Me tornam por um instante limpo e inteiro.

 

Turku

 

18/11/2024

 

João Bosco da Silva