sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

 



Que é do pó dos caminhos de Agosto,

Agora que tudo brilha uma geada lunar

E eterna, continuará tudo a ser o que nunca foi,

Nas couves umas pérolas breves, promessas

De amor, beijos que o sol matinal revela

Como fedorentas verdades,

São ecos as rãs que coaxam nos olhos fechados

Do cansaço, eram mais fáceis os sonhos

E o ouro encontrava-se em cada virilha,

Quantos corpos se cobriram com a fertilidade

Da terra escura, estrumam-se os sentidos

Com poesias alheias e pendente fica,

Como um fuso, o próximo delírio narrativo,

Sempre longe daqueles espaços

No caminho até ao horizonte de futuros hojes.

 

Kaskinen

 

23.12.2025

 

João Bosco da Silva

 


Escondes-te do Passado

 

Escondes-te do passado com uma vergonha

De boca cheia de luar e a promessa do pó

Do largo da feira, escondes-te do passado

Como as crianças que desaparecem

Quando fecham os olhos e ali estão

Numa graça ridícula em silêncio,

É melhor que engulas essa vergonha toda,

Deixa torna-la no que tu deixarás de ser,

Um início de primavera à beira do rio,

Um murmúrio viscoso, uma agilidade de rã,

Um aniversário dentro de outro,

Nunca consumamos uma despedida

Purificadora de chamas, engole e orgulha-te

Do desembaraço da tua juventude

Nos meus olhos distantes.

 

Turku

 

20.12.2025

 

João Bosco da Silva