sábado, 2 de agosto de 2025

 


Caminhante à Chuva

 

Uma pressa de gaivota no alcatrão quente,

Sem camisa cair num monte de urtigas,

Inspirar fundo a beleza das lâminas recém cortadas,

Os trevos dizimados por uma ordem humana,

Que vontade de cair como cai a pesada chuva da tempestade,

O rasgo de guerra-civil no ar antes do primeiro relâmpago,

Tenho os bolsos cheios de desejos fora de validade,

Sonhos que apodreceram no medo do primeiro passo,

Desfio agora os trovões em silêncio,

Enquanto o mundo se vai revolvendo na lama da sua idade.

 

Turku

 

21/07-02/08/2025

 

João Bosco da Silva