quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

 

Matéria Onírica

 

Lentamente se dissipa o nevoeiro,

Os sonhos tornam-se mais claros,

Apenas sonhos, em que tento ver

Se também as coisas neles,

São feitas das mesmas partículas

Do mundo real e se o são então

Quão real realmente o real é,

Se o sonho mostra a mesma clareza,

Uma cidade inteira, ruas que nunca vi,

Arranco um cartaz colado a um edifício

Que o meu cérebro construiu,

Com uma arquitectura clara,

Uma pintura perfeita, numa parede rugosa,

Rasgo o papel, e no rasgo os mesmos filamentos,

A fibra da pasta, pudesse eu ver

Microscopicamente e talvez,

Moléculas, átomos, num mundo onírico,

Sei que é um sonho, exploro a sua

Natureza, com a pressa de uma primeira vez

Que se sabe também última,

Aceito beijos sem remorsos, agarro tudo,

Em breve sairei deste sonho para outro.

 

02/01/2025

 

Turku

 

João Bosco da Silva