domingo, 23 de fevereiro de 2025

 

 

 

Não te cubras de angústia, agora que o visco

Dos teus desejos não será sentido

Na pele alheia que te ignora,

Foram belas as noites à beira do rio,

As rãs cantam na mesma língua,

Só as certezas se tornam cada vez

Mais raras, como o cabelo

E os medos tão evidentes e inúmeros

Como os que sobram, brancos,

Uma vergonha nos espelhos,

Não te cubras por isso de angústia,

Ou saudade, tudo lá ficou, tudo lá está,

Basta recordares, ouvires as rãs,

Deixares-te levar pelo aroma fresco

Do rio no início da primavera,

Longe dos primeiros degelos,

De todos os amores, que também

Eles envelheceram, se tornaram

Uns em vergonhas, outros em nostalgia,

Nenhum foi, contudo, inútil,

Tudo acrescentou significado

Ao cantar das rãs e valor ao silêncio.

 

23.02.2025

 

Turku

 

João Bosco da Silva