quarta-feira, 26 de março de 2025

 


No Ar

 

Tenho escrito muitas vezes em pleno voo,

Existe uma certa redundância nisso,

Estar sem estar no lugar onde se está,

Estar alto, onde melhor cabem os sonhos

E as ilusões, entrar em queda livre,

Suster a respiração, olhar à distância,

Imaginar o resto que os olhos não alcançam,

Como devem fazer também os deuses,

Imaginam que está tudo bem,

É uma forma de esticar as pernas

Enquanto se está preso na viagem,

Quando finalmente se sai do avião,

A vida regressa num país diferente,

Outro peso no ar, outros cheiros, o mesmo fim.

 

Florença-Amesterdão

 

10/03/2025

 

João Bosco da Silva

 


“mas é na ausência de tudo que

mais me reconheço.”

Luísa Freire

 

A palavra infinito tem uma extensão

Que a nossa compreensão não abarca,

A palavra em si, finita, com início e fim

Bem definidos, é como o que nos cabe

Nos olhos à noite e olhamos o céu limpo

E pensamos, universo, tudo nos cabe

Nas palavras, tantos inícios e fins

A caminho da eternidade.

 

Siena

 

09/03/2025

 

João Bosco da Silva