No Ar
Tenho escrito muitas vezes em pleno voo,
Existe uma certa redundância nisso,
Estar sem estar no lugar onde se está,
Estar alto, onde melhor cabem os sonhos
E as ilusões, entrar em queda livre,
Suster a respiração, olhar à distância,
Imaginar o resto que os olhos não alcançam,
Como devem fazer também os deuses,
Imaginam que está tudo bem,
É uma forma de esticar as pernas
Enquanto se está preso na viagem,
Quando finalmente se sai do avião,
A vida regressa num país diferente,
Outro peso no ar, outros cheiros, o mesmo fim.
Florença-Amesterdão
10/03/2025
João Bosco da Silva