quinta-feira, 8 de maio de 2025

 


Ar Fresco da Serra

 

Lembro-me do fim do verão no teu casaco de ganga

Na serra, ao pé de uns baloiços, estacionados na escuridão,

Sei lá na companhia de que lobos, toalhetes já secos,

Papel higiénico onde futuros arrastados do exterior

Dos ventres férteis de fome e sede, mas era à confiança

E lá me deixava cair todo eu, rasgando-me em jactos

Que mais tarde acabava por usar para facilitar

Um segundo mergulho e um anel cremoso, nosso,

A surgir na minha vontade reacendida pelo teu pescoço

Ao ténue luar, e mais uma vez saltando de olhos abertos

No teu acolhedor abismo, num estremecimento vazio,

Não recordo toalhetes ou papel higiénico depois,

Umas cuecas rápidas, a conter a viscosa prova do vício,

E assim, cheia do ar fresco da serra, regressavas furtivamente

A casa dos teus pais, porque tu recém separada

E eu um café com uma amiga, escorrendo-te pelas coxas abaixo.

 

Turku

 

08/05/2025

 

João Bosco da Silva