Ar Fresco da Serra
Lembro-me do fim do verão no teu casaco de ganga
Na serra, ao pé de uns baloiços, estacionados na escuridão,
Sei lá na companhia de que lobos, toalhetes já secos,
Papel higiénico onde futuros arrastados do exterior
Dos ventres férteis de fome e sede, mas era à confiança
E lá me deixava cair todo eu, rasgando-me em jactos
Que mais tarde acabava por usar para facilitar
Um segundo mergulho e um anel cremoso, nosso,
A surgir na minha vontade reacendida pelo teu pescoço
Ao ténue luar, e mais uma vez saltando de olhos abertos
No teu acolhedor abismo, num estremecimento vazio,
Não recordo toalhetes ou papel higiénico depois,
Umas cuecas rápidas, a conter a viscosa prova do vício,
E assim, cheia do ar fresco da serra, regressavas furtivamente
A casa dos teus pais, porque tu recém separada
E eu um café com uma amiga, escorrendo-te pelas coxas
abaixo.
Turku
08/05/2025
João Bosco da Silva