terça-feira, 31 de dezembro de 2024


 

Cem Anos de Solidão

 

Aos dezasseis anos li Cem Anos de Solidão,

Vinte e três anos depois vejo a série,

Com aquelas paisagens fantásticas,

Aqueles corpos como chocolate de leite e sal,

O mesmo realismo mágico, mas dado,

Sem esforço do imaginário, dou-me então conta

De que vejo tudo novamente, por outros olhos,

O limite da minha experiência,

É o limite da minha imaginação,

Hoje se relesse o livro, estou certo de que as paisagens,

Apesar das mesmas palavras, da mesma descrição,

Seriam outras, mais amplas, mas não necessariamente,

Mais extraordinárias, existia um espaço maior,

Entre a matéria que constrói os mundos imaginários,

Um trabalho de construção de raiz,

Agora cada vez mais, é uma construção de retalhos

Emprestados a ecos dos passos que demos,

Ainda bem que, aos dezasseis, não conseguia imaginar

A salgada perfeição dos seios de Úrsula Iguarán.

 

31/12/2024

 

Turku

 

João Bosco da Silva