Descontentamento Presente
Quantas vezes desejei acordar e estar aqui e agora sei
Que amanhã será uma desilusão ao acordar e ter à espera
A cor que já não se espera. Aquela noite perdida, longe
E tão cheia de possibilidades na sua impossibilidade real
Com tantos renascimentos de momentos, que afinal, bolorentos,
Cansados, mortos e tudo um mais uma vez suspirado a caminho
Da mesma casa, agora demasiado próxima.
É tudo tão belo quando longe. Os olhos são inimigos da proximidade
E o coração cansa-se dos espaços fechados.
Se ao menos se pudesse viver perto da vida, sem ter que sentir
Todas as suas imperfeições de coisa real.
As actrizes são sempre mais bonitas quando não se lhe sente o cheiro
E a sua vida é sempre uma ficção nos nossos olhos.
Porque é que o real sempre nos encosta contra a parede
Das nossas limitações e nos rasga quando passa?
Não há nada mais belo que um dia que passa sem me tocar,
Dos que não se levam, dos que não se querem de volta,
Dos que são mais vida, que acabam e só porque começaram,
Tinham que acabar.
22.12.2010
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
Desejo-te um 2011 em grande João, cheio de vitórias, amor e paz. Apesar de muito raramente comentar, leio-te sempre que posso. Continua a escrever, fazes bem à alma :)
ResponderEliminarBeijocas grandes