quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


Descontentamento Presente


Quantas vezes desejei acordar e estar aqui e agora sei

Que amanhã será uma desilusão ao acordar e ter à espera

A cor que já não se espera. Aquela noite perdida, longe

E tão cheia de possibilidades na sua impossibilidade real

Com tantos renascimentos de momentos, que afinal, bolorentos,

Cansados, mortos e tudo um mais uma vez suspirado a caminho

Da mesma casa, agora demasiado próxima.

É tudo tão belo quando longe. Os olhos são inimigos da proximidade

E o coração cansa-se dos espaços fechados.

Se ao menos se pudesse viver perto da vida, sem ter que sentir

Todas as suas imperfeições de coisa real.

As actrizes são sempre mais bonitas quando não se lhe sente o cheiro

E a sua vida é sempre uma ficção nos nossos olhos.

Porque é que o real sempre nos encosta contra a parede

Das nossas limitações e nos rasga quando passa?

Não há nada mais belo que um dia que passa sem me tocar,

Dos que não se levam, dos que não se querem de volta,

Dos que são mais vida, que acabam e só porque começaram,

Tinham que acabar.



22.12.2010


Torre de Dona Chama


João Bosco da Silva

1 comentário:

  1. Desejo-te um 2011 em grande João, cheio de vitórias, amor e paz. Apesar de muito raramente comentar, leio-te sempre que posso. Continua a escrever, fazes bem à alma :)
    Beijocas grandes

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