domingo, 27 de fevereiro de 2011



Sonhos A Preto E Branco


Que cor levam dentro, estes que passam sem olhar, que dor

Escondem, que desejos os consomem, que fantasmas vivem neles?

Para onde levam os sonhos, se caminham de encontro à realização?

Que cor é a dos seus olhos, que se escondem dos olhares?

Não me dou conta e o sinal está novamente vermelho,

Não me apercebo e já outros ocupam o lugar dos que partiram,

Com outros tons das mesmas cores, longe dentro.

Alguém me sorri, mas não sei para onde me sorri,

Quase adivinhando a vontade de matar um momento

Neste mundo de solidão e medo, na dor consentida de mais uma derrota.

Quantos fartos deles mesmos, esperando a chegada da noite

Para se refugiarem em aromas alheios, em quartos de rumores húmidos,

Em desconhecidos infernos, em torturas familiares e reconfortantes…

Surpreende-me a forma como me diz Olá, a caixa do supermercado,

Conheço-lhe bem a cor, o tom do seu desespero,

Ainda sinto o perfume da mesma cor nos dedos

Que a noite me deixou, mas hoje só lhe posso oferecer indiferença,

Hoje não quero tocar ninguém, só quero olhar e passar

Até chegar a hora de encerrar o dia, fechar a porta e ter sonhos a preto e branco.



Turku



27.02.2011



João Bosco da Silva

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