Sonhos A Preto E Branco
Que cor levam dentro, estes que passam sem olhar, que dor
Escondem, que desejos os consomem, que fantasmas vivem neles?
Para onde levam os sonhos, se caminham de encontro à realização?
Que cor é a dos seus olhos, que se escondem dos olhares?
Não me dou conta e o sinal está novamente vermelho,
Não me apercebo e já outros ocupam o lugar dos que partiram,
Com outros tons das mesmas cores, longe dentro.
Alguém me sorri, mas não sei para onde me sorri,
Quase adivinhando a vontade de matar um momento
Neste mundo de solidão e medo, na dor consentida de mais uma derrota.
Quantos fartos deles mesmos, esperando a chegada da noite
Para se refugiarem em aromas alheios, em quartos de rumores húmidos,
Em desconhecidos infernos, em torturas familiares e reconfortantes…
Surpreende-me a forma como me diz Olá, a caixa do supermercado,
Conheço-lhe bem a cor, o tom do seu desespero,
Ainda sinto o perfume da mesma cor nos dedos
Que a noite me deixou, mas hoje só lhe posso oferecer indiferença,
Hoje não quero tocar ninguém, só quero olhar e passar
Até chegar a hora de encerrar o dia, fechar a porta e ter sonhos a preto e branco.
Turku
27.02.2011
João Bosco da Silva
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