sábado, 16 de abril de 2011


Amorror


És um glioblastoma e a tua presença é uma dor de cabeça que me faz vomitar.

O que sinto por ti é uma pressão intracraniana aumentada e nem todas

As agulhas do mundo poderão aliviar o que só o tempo vencerá: ambos.

Os nossos beijos são agora secreções biliares e um vazio que me quer abandonar,

Os olhares são penas e cada toque dói-me como um sismo.

Amanhã seremos lágrimas de quem julgava conhecer-nos e um luto

Inútil para o esquecimento. Ninguém nos ensinou que a realidade é mais frágil do que a ficção

E vivemos a vida na ponta de um bisturi que oxida.



16.04.2011



Turku



João Bosco da Silva

2 comentários:

  1. Este tocou, Bosco. Tocou como poucas coisas conseguem tocar, no que ja esta' velho, cansado, dessinsibilizado, pregado a uma rotina. It hit very close to home. Thank you for this. Does anyone ever really thank a writer for putting down so eloquently our own lives? They ought to. Beijo.

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