Improbabilidade De Mick Jagger
para quem os raios partam,
Cansas-me com o teu olhar enquanto longe uma folha de papel escurece com a caligrafia futura
De uma tipografia. Neste momento sou inocente dos meus passos em direcção ao agora onde escrevo
A ressaca de olhares… como se pode fingir um olhar? Não sabes que não estás só a engordar em quilos
E que os anos pesam mais nas fibras calcificadas de um coração amargo?
Não se imagina que o cheiro a óleo, o declive perigoso do vinho tinto e uma cerveja antes de ir “dormir”,
Os clítoris em busca dos dedos enquanto se rasga uma cidade cansada à boleia de um futuro traidor,
Podem ser os ingredientes de uma psicose aliada a um delirium tremens impossível: uma paixão
Ridícula como as adolescentes. (Será que os Rolling Stones sabem que o “Así se fundo Carnaby Street”
Lhes é dedicado?) Enquanto se escreve uma noite com a melancolia de uma canção escrita numa casa de banho
E uma ptose palpebral, das que se repetem inversamente, proporcionais ao ódio que resulta da
Confrontação da ilusão contra o hálito real da carne, muda após o orgasmo, as palavras ficaram em casa
E só o que se ouve de fora toma sentido num sem sentido nunca sentido entre um par de exagero rosado.
Se ao menos a porta aberta tivesse trazido a salvação de mais um nome – todos os nomes têm esperança
E o potencial de haver gente de verdade, com lábios quentes e abraços que ficam à volta, quentes,
Mesmo quando a distância leva o olhar. Já te disse que me cansas com o teu olhar
E por essa razão busco a distância do teu silêncio em pecados mais reais que os teus?
05.09.2011
Turku
João Bosco da Silva
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