O Sangue Dos Poetas Suicidas
Canso-me da espuma branca no canto dos teus lábios, como das pombas embriagadas
Das cidades sujas, canso-me do Sol de inverno que obriga a olhos pequenos e horizontes
Como os que vivem nos cafés das aldeias, canso-me das têmporas que ocultam
Pinturas rupestres que ninguém verá enquanto eu cansado, canso-me de ti espelho,
Desse olhar de apocalipse, de messias, com esses lábios de primeiro beijo
Com o sabor da última rata sem pronunciarem o nome, em vão me canso,
Mas as horas obrigam ao cansaço dos poetas suicidas, e o ar da madrugada
Está carregado do seu sangue sedutor, fossem as palavras deles minhas
E a eternidade à distância de um dedo corajoso, de uma carta breve a dizer,
Para mim chegou, cheguei onde cheguei, mesmo cansado, anos e anos
A plantar estrelas à beira mar em dias de luar, para desejar a eternidade vazia
De quem só palavras, e muitas vezes palavras que se vestiram de morte
Para os cegos conseguirem ver com o fascínio dos mortais que julgam
Ressuscitar as múmias enroladas em papiros apodrecidos, mortos todos de cansaço
E canso-me dos dedos que tentam rasgar as teias de aranha e revelar raios de luz
Em casas que se julgam abandonadas nesta cidade fantasma, Madrugada.
04.01.2012
Turku
João Bosco da Silva
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