Passou Por
Mim E Nada
Ela olha-me
da janela do autocarro, finjo não perceber e esqueço o relato dos calções
Curtos que
passam e do dia internacional das calças justas, por um inglês e um holandês,
Dou o último
gole na cerveja já quente, ela olha, percebe o meu fingimento,
Nunca quando
estou a ser sincero, o inglês tomba um vaso de flores da esplanada
E já não dá
conta do recado, já ninguém sabe como são dezasseis anos, ela desvia o olhar
E quando o
autocarro arranca, ela volta a cabeça para o último ângulo onde eu possível
E lança-me
um olhar de podia ter sido, outra coisa, mas é isto, nunca mais, por isso
Vou buscar mais
uma cerveja, ainda é cedo e o inglês só ainda agora começou
A fazer
merda, escrevo este poema, porque desta vez ficou tudo num olhar,
Não houve
lareiras a crepitar gemidos, nem unhas a rasgar versos num papel
Qualquer em
cima dos joelhos, limpam-se da barriga os filhos e janela fora que o luar
espera,
Venha a
noite que todos os autocarros trazem com a sua partida, os vinte anos
A atravessar
multidões e braguilhas, fascinadas por abismos e chamas eternas.
08.06.2012
Turku
João Bosco
da Silva
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