Dança Das
Moscas À Volta De Um Poema
Sinceramente,
a quem interessa o que tu esperas que passe, onde te sentas e o que te
Escorre desse
órgão de emoções a que alguns dizem imortal, o Panero parece obcecado
Com sapos,
sapos ao luar, numa noite húmida, as mãos negras de sangue, a química
Cerebral ou
algum fio fora do lugar, ainda se compreende, agora os cheiros que te
Tocam no
hipocampo, só porque está bem perto do nariz e é de ligação directa,
Quem se
interessa quando não se podem cheirar palavras, que magia julgas tu ser capaz
De fazer com
palavras que todos os dias se limpam com papel higiénico, esperma uns,
Sapo outros,
o mesmo nojo da vida, as moscas dançam no ar cheio de merda, numas
Revistas amarelecidas
repousa um cagalhão ressacado, tudo sépia e séptico, a vida,
E sinceramente,
quem se interessa com a mesa posta, o teu cão morto, o teu avô
Que morreu
num hospital onde nunca te deixaram entrar por seres criança e agora,
Farto da
morte dos outros, esperando uns dias que o cansaço vença, mas a vida um
Cansaço que
nunca vence até vir o raio que nos parte a todos, mais vale sacudir a garrafa,
Não deixar
nada a azedar, que no fim sopra-se e o som o mesmo, o vazio e o impossível.
18.02.2013
Turku
João Bosco
da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário