Reencontro De Ruínas
Naquele mesmo restaurante de não há assim tantos anos, num
mesmo fim
De tarde sem noite à vista, os mesmos nomes, os mesmos óculos
de sol
No bolso, o saco das memórias mais cheio, outras vidas,
menos vida,
Agora tão velhos, uns doentes, quase arruinados, outros com
a vida interrompida,
Sem regresso possível, à noite em que ejaculei nas cordas do
kantele,
Beijei-os a ambos, a ela, cheia de vida e fome e a ele por
solidariedade,
Antes não a fazia rir tão facilmente, agora até isso me dói,
Temos sempre a eternidade toda até ser demasiado tarde,
Agora a noite cai antes de escurecer, o cansaço é outro e dá
vontade
De regressar, fechar as portas e regressar, o passado só
mora no silêncio,
O regresso é apenas um desfile de ruínas, é uma amputação
certificada,
Engole-se o sol como se aquele reencontro fosse um eco,
Mas sabe-se que não há ecos nas planícies da derrota que é o
espelho,
Só um arremedo grotesco e um sorriso amarelo de quem que em
vez de te habitar
Te assombra
06.12.2015
Turku
João Bosco da Silva
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