quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Bukowski

Bukowski, para ti foi fácil, os metros tresandam a mijo pela manhã,
Dorme-se bem na rua de certeza, a areia é bem confortável, raramente faz frio,
É impossível estar só, aí compreendo o teu sofrimento, o Sol,
O Sol é sempre o das manhãs em Agosto, mesmo em Novembro,
Há sorrisos por todo lado, mesmo que de plástico sujo,
A maioria apaga-se depois da consumação da gorjeta, mesmo que das boas,
Há promessas de violência em cada olhar, há fome pela comida na mão alheia
Com a mesa posta em casa, há tanta sujidade com música nas ruas,
O mar silencioso parece não dar por nada, daqui ninguém teria vontade
De descobrir o velho mundo, depois de um dia, bastava sentares-te à máquina,
Fechado num quarto pequeno e vomitar tudo o que o dia te fez engolir,
Quando finalmente só, mesmo assim, não te invejo a sorte.

Los Angeles
(Santa Monica)

17-11-2016


João Bosco da Silva

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