Poema Aromático
No seu inglês o sotaque grego, os olhos da cor do mar na
antiguidade,
Uma cona como uma rosa de damasco, debruçada sobre o
autoclismo
De um bar, num fim de tarde escuro no norte da europa,
Enquanto em casa me esperavam, que só ia beber uma cerveja
E eu mergulhava de língua naquele cu meio grego, a minha
cara
Entre aqueles nacos quentes de mármore, até que um tesão
Como a ilustração num prato desenterrado de uma ilha
qualquer,
Enterrava-me até ao esquecimento, apressando o corpo à
superfície
Para uma inspiração ofegante e tu logo te viras e sorves a
espuma
Dos meus dias, com o teu hálito de cerveja local, desiludida
pela pressa
Com que as civilizações caem quando à distância de milénios,
Tudo isto, novamente, enquanto se bebe um copo de mastika,
O sabor de xarope de cenoura da minha mãe quando garoto com
a gripe
E o teu cu lavado com essência de resina de bétula
finlandesa.
14/06/2022
Rodes
João Bosco da Silva