Sesta à Beira-Mar
Com dedos leves, as ondas afrouxam o nó,
Que desfeito nos deixa cair no sono,
O vento sopra no gargalo da meia garrafa de cerveja,
Já quente da lenta vontade, a sede a estas horas
É outra, tudo parece ao alcance de um olhar descuidado
E coberto por uma névoa azul, o corpo quente
Subitamente se ergue da toalha e desaparece
Num acordar fresco, há sonhos piores,
Há companhias idênticas, há amores que ovos fossilizados
À espera do interesse de poetas ou paleontólogos,
Fiquei na dúvida, estive acordado ou quase,
Digo para mim mesmo saudades três vezes
E nem de ti me lembro, apenas uma canícula azul
E o vazio que as ondas apagam de silêncio.
Nimborio
16/06/2023
João Bosco da Silva
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