Um Luar para que não Esqueças
Longe, um quarto vazio que não espera, visita os sonhos
Após dias vazios e longínquos, para que se trazem
Os mortos nos bolsos, não os outros, mas os que fomos
Morrendo, há alegrias simples, a acidez fresca
De um prato familiar, as geadas de granito,
O cinzento mar das montanhas do interior,
Tudo um sufoco de urze por florir, será que um dia
Teremos realmente o mesmo céu, como o mesmo medo,
Querem-se os joelhos mordidos pela palha dos palheiros
E as micas das fragas, querem-se os dentes afiados
Pelos tropeços nos intervalos, todos os segredos restantes
Uma gaita de foles vazia, hajam relâmpagos no fim do verão,
Um regresso para apalpar as uvas e as recordações,
Um luar de primavera para que não me esqueças.
Turku
03/02/2024
João Bosco da Silva
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