Cem Anos de Solidão
Aos dezasseis anos li Cem Anos de Solidão,
Vinte e três anos depois vejo a série,
Com aquelas paisagens fantásticas,
Aqueles corpos como chocolate de leite e sal,
O mesmo realismo mágico, mas dado,
Sem esforço do imaginário, dou-me então conta
De que vejo tudo novamente, por outros olhos,
O limite da minha experiência,
É o limite da minha imaginação,
Hoje se relesse o livro, estou certo de que as paisagens,
Apesar das mesmas palavras, da mesma descrição,
Seriam outras, mais amplas, mas não necessariamente,
Mais extraordinárias, existia um espaço maior,
Entre a matéria que constrói os mundos imaginários,
Um trabalho de construção de raiz,
Agora cada vez mais, é uma construção de retalhos
Emprestados a ecos dos passos que demos,
Ainda bem que, aos dezasseis, não conseguia imaginar
A salgada perfeição dos seios de Úrsula Iguarán.
31/12/2024
Turku
João Bosco da Silva
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