sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

 


Escondes-te do Passado

 

Escondes-te do passado com uma vergonha

De boca cheia de luar e a promessa do pó

Do largo da feira, escondes-te do passado

Como as crianças que desaparecem

Quando fecham os olhos e ali estão

Numa graça ridícula em silêncio,

É melhor que engulas essa vergonha toda,

Deixa torna-la no que tu deixarás de ser,

Um início de primavera à beira do rio,

Um murmúrio viscoso, uma agilidade de rã,

Um aniversário dentro de outro,

Nunca consumamos uma despedida

Purificadora de chamas, engole e orgulha-te

Do desembaraço da tua juventude

Nos meus olhos distantes.

 

Turku

 

20.12.2025

 

João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário