Não te cubras de angústia, agora que o visco
Dos teus desejos não será sentido
Na pele alheia que te ignora,
Foram belas as noites à beira do rio,
As rãs cantam na mesma língua,
Só as certezas se tornam cada vez
Mais raras, como o cabelo
E os medos tão evidentes e inúmeros
Como os que sobram, brancos,
Uma vergonha nos espelhos,
Não te cubras por isso de angústia,
Ou saudade, tudo lá ficou, tudo lá está,
Basta recordares, ouvires as rãs,
Deixares-te levar pelo aroma fresco
Do rio no início da primavera,
Longe dos primeiros degelos,
De todos os amores, que também
Eles envelheceram, se tornaram
Uns em vergonhas, outros em nostalgia,
Nenhum foi, contudo, inútil,
Tudo acrescentou significado
Ao cantar das rãs e valor ao silêncio.
23.02.2025
Turku
João Bosco da Silva
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