domingo, 28 de março de 2010


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Dizes que vês a vida na água
Que corre fresca e limpa na agueira.
Na agueira só vejo folhas de salgueiro
Que passam e estão mortas,
Insectos que lá caíram e ainda lutam,
Outros que lá vivem com outros animais
E um fundo de terra através da fina transparência da água.

Bebe um golo fresco de água
Sente a ponta do nariz dentro da frescura,
Todo o teu peso nos joelhos enquanto te ajoelhas
E te inclinas para beber.
Não vejas a vida,
Sente a vida!

Se vês a vida na água,
Bebe-a,
Mas bebe-a com goles lentos.
Sente no esófago a passagem refrescante a cada trago,
A água a descer,
A aquecer na descida até se tornar parte de ti.
Tu és a vida!

28.03.2010

Savonlinna

João Bosco da Silva

Poema para “Disse-me António Montes”

4 comentários:

  1. Farto-me de ler.
    Uma vez atrás da outra.
    E cada vez gosto mais.

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  2. Tu és a vida. Só tu a podes fazer!!!
    Um texto a fugir ao niilismo. :D
    Meus parabéns, gostei muito!

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  3. Rita: Obrigado por gostares. :)

    Leandro: Não querendo cair na falta de originalidade, os poemas de "António Montes", são uma fuga ao niilismo. Já não escrevia o que ele me "diz" desde 2005, este surgiu-me assim e ainda bem, já que pode incorporar os outros no próximo livro que poderá ser uma realidade ainda este ano...vamos ver.

    Susana: Na verdade ando. Deve ser da "primavera", ou da neve a deixar ver umas pontinhas de verde.

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