Só Faz Frio Quando Se Está Fora
aos carneirinhos que me tiram o sono
Só me dei conta de que te amava quando as minhas mãos vazias de ti.
A distância tornou-se tempo em cima do que sou,
Tornou-me branco e aí vi que estava perdido de ti.
Aquele beijo de manhã, antes de ires para o trabalho, antes de te perder,
Que só tu sabias que era o último e me deixou um gosto de haver mais,
Mas só tu sabias que era um adeus mudo ainda com a cama quente dos dois.
Hoje sentado sobre o passado, onde vejo as pequenas verdades em que nem reparei,
Pegunto-me se saberias mesmo. Saberias mesmo?
Ainda como um eco nos meus lábios, um prazer que se tornou em dor latejante,
A cada batimento do meu punho vazio da tua presença, no meu peito.
Não sabes que depois de ti foi só entrar em vazios e sair deles com um novo dentro,
Porque também se perdem mãos cheias de nada, quando se teve o que não se tinha.
As noites de bebedeira só me adiam para a manhã seguinte a agonia da tua ausência,
Todos os gritos violentos dentro dos que nunca terão os teus olhos nos meus,
No meu fundo do que nem me conheço, enquanto não sei se eu tu, ou se só dentro,
De joelhos, adorando-te como se adora de verdade,
Sentindo-te como se sente o que somos, mas sabendo que reais,
Com os suspiros a dizer que sou e os gemidos a dizer que és.
A sede nos meus poros do teu suor, o teu cabelo a frisar entre os meus dedos
Agora inúteis, agora tristes e só palavras para tentar encontrar-te nelas,
Mas tu longe, esse teu corpo que me fazia tremer de calor,
Longe, tão longe que a tua textura só dentro, a que os dedos escrevem sem tocar mais.
Sei que não me dei por dentro, porque só me dei conta quando vi as mãos vazias de ti,
Só quando o tempo me tornou os braços curtos, os mesmos que te abraçavam,
Quando em ti, os mesmo que nem aí me davam o que dentro,
O que dentro que nem sei se habita mais, porque eu já não te moro,
Só agora sei que fora de ti faz frio e atiro pedrinhas à janela da casa abandonada.
10.05.2010
Savonlinna
João Bosco da Silva
aos carneirinhos que me tiram o sono
Só me dei conta de que te amava quando as minhas mãos vazias de ti.
A distância tornou-se tempo em cima do que sou,
Tornou-me branco e aí vi que estava perdido de ti.
Aquele beijo de manhã, antes de ires para o trabalho, antes de te perder,
Que só tu sabias que era o último e me deixou um gosto de haver mais,
Mas só tu sabias que era um adeus mudo ainda com a cama quente dos dois.
Hoje sentado sobre o passado, onde vejo as pequenas verdades em que nem reparei,
Pegunto-me se saberias mesmo. Saberias mesmo?
Ainda como um eco nos meus lábios, um prazer que se tornou em dor latejante,
A cada batimento do meu punho vazio da tua presença, no meu peito.
Não sabes que depois de ti foi só entrar em vazios e sair deles com um novo dentro,
Porque também se perdem mãos cheias de nada, quando se teve o que não se tinha.
As noites de bebedeira só me adiam para a manhã seguinte a agonia da tua ausência,
Todos os gritos violentos dentro dos que nunca terão os teus olhos nos meus,
No meu fundo do que nem me conheço, enquanto não sei se eu tu, ou se só dentro,
De joelhos, adorando-te como se adora de verdade,
Sentindo-te como se sente o que somos, mas sabendo que reais,
Com os suspiros a dizer que sou e os gemidos a dizer que és.
A sede nos meus poros do teu suor, o teu cabelo a frisar entre os meus dedos
Agora inúteis, agora tristes e só palavras para tentar encontrar-te nelas,
Mas tu longe, esse teu corpo que me fazia tremer de calor,
Longe, tão longe que a tua textura só dentro, a que os dedos escrevem sem tocar mais.
Sei que não me dei por dentro, porque só me dei conta quando vi as mãos vazias de ti,
Só quando o tempo me tornou os braços curtos, os mesmos que te abraçavam,
Quando em ti, os mesmo que nem aí me davam o que dentro,
O que dentro que nem sei se habita mais, porque eu já não te moro,
Só agora sei que fora de ti faz frio e atiro pedrinhas à janela da casa abandonada.
10.05.2010
Savonlinna
João Bosco da Silva
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