Alma Lada
Um sofá velho numa rua cinzenta,
Com o Sol frio nos ossos,
Debaixo de uma árvore morta,
O silêncio como companhia,
Um cão que passa repetidamente,
Com um olhar de quem percebe
A miséria dos olhos fechados.
Um carro estacionado sem portas,
Onde vivem gatos,
Uma voz de uma janela numa língua desconhecida.
Um piano?
Os anos pintam as paredes cansadas
E os amarelos vivem só para a noite.
Ninguém trabalha a estas horas do jantar,
Nem jantam, nem vão dormir que ainda é cedo.
Dormito um poema deitado num lugar desconhecido,
Numa rua possível no leste do meu descontentamento,
Quase um cão de olhar triste,
Que passa repetidamente, olha e parece perceber,
A miséria feliz.
26.10.2010
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
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