terça-feira, 26 de outubro de 2010



Alma Lada


Um sofá velho numa rua cinzenta,

Com o Sol frio nos ossos,

Debaixo de uma árvore morta,

O silêncio como companhia,

Um cão que passa repetidamente,

Com um olhar de quem percebe

A miséria dos olhos fechados.

Um carro estacionado sem portas,

Onde vivem gatos,

Uma voz de uma janela numa língua desconhecida.

Um piano?

Os anos pintam as paredes cansadas

E os amarelos vivem só para a noite.

Ninguém trabalha a estas horas do jantar,

Nem jantam, nem vão dormir que ainda é cedo.

Dormito um poema deitado num lugar desconhecido,

Numa rua possível no leste do meu descontentamento,

Quase um cão de olhar triste,

Que passa repetidamente, olha e parece perceber,

A miséria feliz.



26.10.2010



Torre de Dona Chama



João Bosco da Silva

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